Professora morta em incêndio salvou pelo menos 25 crianças
A professora
Heley Heley de Abreu Batista, de 43 anos, foi sepultada na tarde de
sexta-feira (6) em meio à consternação na cidade de Janaúba (MG), no
norte de Minas Gerais.
Ela morreu após
salvar dezenas de crianças no Centro Municipal de Educação Infantil
Gente Inocente, enquanto o vigia Damião Soares Santos, de 50 anos,
incendiava o local na última quinta-feira (5).
Pelo menos dez
pessoas morreram — oito crianças, a professora e o autor do ataque.
Outras 26 vítimas estão internadas, sendo 25 em estado grave.
De acordo com
Camila de Abreu, casada com um primo de Heley, a notícia de que a
professora salvou os alunos não foi vista com surpresa pela família, já
que ela sempre demonstrou que amava as crianças.
— Tanto em
Montes Claros quanto em Janaúba, o clima é de consternação. O velório de
Heley foi aberto para todos, que foram ao local se despedir e
agradecê-la. Ela foi uma heroína mesmo e evitou que, pelo menos 25
crianças, se queimassem. O marido dela disse que esperava atitude
diferente dela. Ela amava as crianças e ele sabia que ela iria fazer
algo para protegê-las.
Testemunhas
afirmam que o vigia, que também vendia sorvete, atraiu as crianças
dizendo que daria picolés a eles. Foi quando ele jogou líquido
inflamável nas crianças e em si próprio e acendeu o fogo. O homem ainda
teria abraçado as crianças com o corpo em chamas. De acordo com a
polícia, Heley lutou contra o homem e voltou ao local três vezes para
ajudar os alunos. Ela teve 90% do corpo queimado e morreu horas depois
do ataque.
Camila afirma
que a população de Montes Claros, município vizinho a Janaúba, está
sendo orientada a procurar outros centros de referência, pois os
hospitais da cidade estão priorizando o atendimento às vítimas da
creche.
— Só de chegar
na cidade, você sente um clima estranho e um silêncio ensurdecedor.
Janaúba toda está triste e compadecida em prol dessa causa. Todos tentam
ajudar com medicamentos, material médico, tudo quanto é tipo de doação.
Foi uma coisa bonita de se ver.
Além de se
dedicar ao trabalho, Heley tinha planos com o marido, que cursa
odontologia. Os dois tiveram quatro filhos: de 13, de dez e de um ano e
11 meses. O primogênito morreu há cerca de dez anos, vítima de
afogamento.
— A Heley era
muito positiva, alegre, responsável e gostava muito do trabalho. Ela
sempre mostrava fotos das crianças para a família, dos desenhos delas.
Ela tinha muito carinho pelos alunos e sempre gostou de dar aulas. Ela e
o marido estavam bem felizes. Agora, ele não sabe o que vai fazer para
seguir em frente com os três filhos.
O MP
(Ministério Público) de Minas Gerais abriu uma conta bancária para
receber doações em dinheiro para auxiliar materialmente as famílias das
vítimas.
SOS Creche Criança Inocente
Banco do Brasil - Banco 001 BB
Agência: 0935-0
Conta corrente: 600-9
CNPJ: 15.462.027/0001-73
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